SOS ENTRE RIOS

Este é mais um buraco, entre tantos por aqui, no qual bom humor, doses de ironia e pitadas de inteligência (?) se misturam. Aprecie, com moderação, relatos bem-humorados sobre coincidências que são meras semelhanças da realidade diária do que (não) acontece no distrito de Entre Rios - famoso pelas colônias de alemães, de cupins, de traças, de buracos...

22 de março de 2011

O fim de um ícone: morre Milho-Verde


Um ícone. Um símbolo. Um anti-herói às avessas. Um mártir ao contrário. Ele se foi. Com pesar o SOS Entre Rios festeja a passagem de Sr. Milho-Verde, aos cerca de 3 meses de idade. Senhor Milho-Verde ficou famosíssimo ao aparecer em um jornal, em fevereiro. Ao SOS ER, concedeu entrevista histórica e exclusiva, quando contou todo o seu drama. A matéria pode ser lida neste link.

Segundo apurou o SOS Entre Rios, senhor Milho-Verde morreu de múltiplos cortes em todo o seu próprio ser, provocados aparentemente por surpreendente e inesperdado corte de grama, no canteiro central da Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, na Colônia Vitória. Foi neste endereço que Milho-Verde nasceu, cresceu, cresceu e cresceu mais um pouco. No ápice de sua forma física, viveu a maior de suas frustrações: não teve espigão nem tempo para se reproduzir.

Seu irmão, que nasceu, cresceu e cresceu e cresceu a três quadras de distância e com quem cortou contato havia mais de um mês, também não suportou às inesperadas lâminas que trucidaram o seu ser.

Sempre feliz, sorridente, simpático e dono de voluptuosos cabelos loiros, Milho-Verde agradecia imensamente aos responsáveis pela manutenção das vias públicas do Distrito de Entre Rios, por terem lhe proporcionado a inestimável possibilidade de viver por mais de 3 meses sem ser cortado uma única vez, sequer.

O SOS Entre Rios informa que ainda busca informações para certificar-se a quem atribuir o repentino corte de todo o canteiro central da Avenida Bento Munhoz (oito quadras), fato realizado em um dia (repita-se e memorize-se: somente um dia), após cerca de três meses sem a presença da equipe de jardinagem.

Na despedida de Milho-Verde, o SOS Entre Rios presta uma última homenagem a esse valente símbolo, uma ¨bandeira perdida na fartura das colheitas¨, como escreveu Cora Coralina, em seu longo e absolutamente oportuno poema intitulado ¨Milho¨, cujos trechos se lêem abaixo, repicados pelas fotos fúnebres de Milho-Verde:

Milho
(Trechos do poema de Cora Coralina)

(...)
Milho virado, maduro, onde o feijão enrama
Milho quebrado, debulhado
na festa das colheitas anuais.
Bandeira de milho levada para os montes
largada pelas roças:
Bandeiras esquecidas na fartura.
Respiga descuidada
dos pássaros e dos bichos.
Milho empaiolado.
abastança tranqüila
do rato,
do caruncho.
do cupim.
(...)


Aqui jaz Sr. Milho-Verde, morto, trucidado, após 3 meses crescendo à beira da estrada
O mato vem vindo junto,
Sementeira.
As pragas todas, conluiadas.
Carrapicho. Amargoso. Picão.
Marianinha. Caruru-de-espinho.
Pé-de-galinha. Colchão.
Alcança, não alcança.
Competição.
(...)
Aqui também jaz o irmão de Milho-Verde - em um dia cortou-se tudo
o que ficou parado por 3 meses
Milho crescendo, garfando,
esporando nas defesas…
Milho embandeirado.
Embalado pelo vento.
"Do chão ao pendão, 60 dias vão".
Passou aguaceiro, pé-de-vento.
"- O milho acamou…" "- Perdido?"… Nada…
Ele arriba com os poderes de Deus…"
E arribou mesmo; garboso, empertigado, vertical
No cenário vegetal
um engraçado boneco de frangalhos
sobreleva, vigilante.
Alegria verde dos periquitos gritadores…
Bandos em seqüência… Evolução…
Pouso… retrocesso.
(...)

Compare também o antes e o depois do corte de grama:


Antes do corte: 9 de Março de 2011
Depois do corte: 22 de Março de 2011

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