SOS ENTRE RIOS

Este é mais um buraco, entre tantos por aqui, no qual bom humor, doses de ironia e pitadas de inteligência (?) se misturam. Aprecie, com moderação, relatos bem-humorados sobre coincidências que são meras semelhanças da realidade diária do que (não) acontece no distrito de Entre Rios - famoso pelas colônias de alemães, de cupins, de traças, de buracos...

9 de março de 2011

EXCLUSIVO: MILHO VERDE, DA BENTO MUNHOZ, REVELA MEDO DE MORRER


¨É um milagre estar vivo até
hoje¨, desabafa Sr. Milho
(Conto de Fatos)
Nascido em um local inóspito, ele prosperou. Cresceu sem pai nem mãe, apenas acompanhado por uma irmã gêmea incrivelmente mais jovem que ele. Não sabe a quem pertence, não fala nossa língua, aliás, sequer aprendeu a falar.

Apesar de tudo, ele chama a atenção. Não pela sua beleza, com seus vastos cabelos loiros, que resolveu deixar crescer, desde que atingiu maturidade para tanto. Nem pela sua altura, quase 2 metros, algo inimaginável para sua faixa etária.

Mesmo assim, ele chama a atenção. Sua história de vida ele contou, com exclusividade, ao SOS Entre Rios. Confira abaixo, a íntegra da entrevista com o pé de milho mais valente da safra 2010/2011. O único que nasceu, cresceu e está entrando em fase de frutificação no meio da Avenida Bento Munhoz da Rocha Neto, na Colônia Vitória, distrito de Entre Rios.

SOS Entre Rios: Para começar, por que topou conceder esta entrevista inédita? Desculpa nossa ignorância, mas pensávamos que sequer sabia falar...

Milho-Verde-Sem-Nome-Que-Prosperou-Na-Avenida
: Eu queria ter voz. Acho que todo mundo pode ter voz atuante, voz passiva, voz ativa, segunda voz, backing vocal... Eu tenho essa minha voz de taquara rachada. Não é bem uma taquara, mas um pé de milho rachado... Puxa vida, eu cresci subnutrido... (Pausa. Suspiro profundo.). Bem, resolvi falar porque acho que, mais do que um pé de milho, sou um baita sortudo. Nem deveria estar aqui, o trator de cortar grama já deveria ter podado minha felicidade, mas estou aqui, feliz que nem pipoca na panela.

SOS ER
: Conte-nos sua história, resumidamente.

Milho-Verde
: Eu nasci sem eira nem beira. Aliás, nasci numa beira, sim. De estrada. Quando era semente, caí de um caminhão, eu acho. Era para ter fritado no asfalto, virado pamonha. Mas graças a Deus, encontrei um pedacinho de terra. Aí esquentou, choveu, choveu, choveu e choveu mais um tanto. Seu Blog do céu, o senhor não acredita! Eu quase me afoguei! Mas ao invés disso, ao invés de me entregar, o que eu fiz? Hein? Nasci! E brotei. E cresci. E fui crescendo. E não vinham cortador de grama e eu fui crescendo, não vinha rossadeira, e cresci mais um pouco. E assim fui. Hoje me considero um milho quase maduro. Apesar de ainda estar verde. Na verdade aparento ser mais novo do que realmente sou. (Risos).

SOS ER: Mas você sabe que mais hora, menos hora, sua hora vai chegar.

Milho-Verde: Seu Blog do céu, não me diga uma coisa dessas. Eu nem quero pensar nisso! Primeiro meu sonho era nascer. Nasci. Depois meu sonho era crescer. Cresci. Agora, meu sonho é me reproduzir... Mas só vejo a traste da minha irmã aqui do meu lado. E aí? Como é que a gente fica? Não fica, oras.

SOS ER
: Desculpa, Sr. Milho-Verde, mas pelo que eu vejo aqui, seu espigão ainda nem cresceu...

Milho-Verde
: Não fala assim do meu espigão! Tudo tem seu tempo. E vai ver eu sou uma cultivar japonesa... Ora, bolas. Só o que me faltava ser ofendido por um reporterzinho... Por acaso eu impliquei com o tamanho do seu microfone? Jornalista mixuruca...

SOS ER
: Calma Sr, Milho-Verde, quase vermelho! Vamos continuar. O senhor tem uma bela história e deve parte do seu sucesso ao fato de não terem cortado a grama em vias públicas nos últimos dois a três meses. Gostaria de agradecer a alguém?

Milho-Verde
: Claro, se me permitir? Agradeço primeiramente a Deus, que iluminou a cabeça dessa gente e me deixou viver uma vida digna. Agradeço também aos responsáveis pela manutenção da jardinagem das Colônia, puxa vida, vocês são demais! Acho que nunca um pé de milho foi tão valorizado, nestes 60 anos de Entre Rios! Por fim, agradeço ao tempo chuvoso e quente. Sem ele, não haveria outra desculpa esfarrapada para deixarem de cortar a grama, o mato e... (Suspiro profunto) a mim.

SOS ER:
Sr. Milho-Verde, foi um prazer conversar com o senhor. Espero que a vida continue te brindando com tanta saúde e sorte.

Milho-Verde: Eu que agradeço o espaço, seja neste blog, seja aqui na Avenida Bento Munhoz. Sabe, é realmente um milagre eu estar vivo. Dezenas de caminhões passam por essa avenida diariamente, indo e vindo da cooperativa, trazendo dinheiro, prosperidade e tributos. E mesmo assim estou aqui. Em pé. Como se fosse de meu direito não ser cortado. Muito obrigado a todos que colaboraram para com esta minha agradável situação! Sou uma ilha de felicidade cercado de mato por todos os lados! Parabéns e obrigado.
Sr. Milho-Verde: ¨Sou uma ilha de felicidade cercado de mato por todos os lados¨.
(Esta é uma história de ficção, qualquer coincidência com fatos, fotos e nomes terá sido mera... coincidência, mesmo)

4 comentários:

  1. Graças ao empenho, ou melhor, à falta de empenho do órgão competente, isto é, incompetente, o projeto de preservação ambiental municipal para o distrito Entre Rios, está frutificando espécies nativas e exóticas nas vias públicas das colônias. Tal projeto merece créditos pela grande eficiência (ineficiência) em resgatar áreas de preservação, que poderiam muito bem ser incluídas como áreas de reserva legal. Nada disso seria possível não fosse a larga experiência administrativa e inteligência dos responsáveis por esse êxito do projeto "Mato Nativo nas Vias Públicas."

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  2. Captou muito bem a idéia, Anônimo (pena que não se identificou). Obrigado pelo comentário inteligente e criativo!! Um abraço.
    P.S.: Continue nos visitando, atualizações em breve.

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  3. Klaus
    sabe quando alguêm elogia um trabalho usando a palavra "genial"? Se eu conseguisse lembrar de alguma palavra que expressasse melhor como vejo o que está fazendo, eu usaria essa palavra, mas, como eu não consigo pensar em nada melhor, apenas aplaudo de pé e digo: Genial!!!

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  4. Obrigado! Mas o SOS ENTRE RIOS jamais teria tanta criatividade se não fossemos agraciados por uma situação tão... inspiradora! Volte sempre e confira nosso material ¨construtivo¨! Para o blog, não para os buracos... :p

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